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Após controle do novo coronavírus, padrões de higiene mais rígidos devem continuar

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

A pandemia do novo coronavírus alterou a rotina de todos os cidadãos e mexeu com os hábitos e comportamentos sociais. Em reportagem especial, o Diário traz um levantamento das áreas que sofrerão o impacto da atual crise, na avaliação de quem vive o período de transformações e de especialistas. Um dos reflexos das medidas para evitar a propagação do vírus, é a adaptação de estabelecimentos comerciais, em especial aqueles onde são comercializados alimentos. 

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De acordo com o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SHRBS) de Santa Maria, João Carlos Provensi (foto acima), que também é dono de um restaurante em Santa Maria, já existiam normas rígidas de higiene fiscalizadas pela Vigilância Sanitária para padarias, motéis, hotéis, restaurantes, entre outros. A pandemia só adaptou essas práticas ao comportamento do vírus, transmitido por secreções e saliva. Além disso, pelo alto risco da doença e com a disseminação de informação em massa sobre a prevenção, a conduta do cliente mudou:  

- Sempre tivemos álcool gel na entrada dos estabelecimentos, só que não se usava tanto. O cliente entrava e não dava bola. Agora todo mundo se higieniza - diz. 

O próprio bufê, que deixa a comida exposta a centenas de pessoas diariamente foi repensado. Hoje, a opção, que é uma das favoritas para quem almoça fora de casa, pela variedade e custo benefício, ficou bem diferente. No restaurante de João, que fica na Rua Tuiuti, no Centro de Santa Maria, ele adotou o chamado "envelopamento". O bufê fica coberto com plástico filme, uma barreira entre o cliente e os alimentos. Do outro lado, um funcionário serve o prato, conforme as opções indicadas pelo freguês. 

- É permitido que cliente fique a um metro do bufê, não precisaria envelopar, mas optamos por fazer isso com material transparente, para que o cliente possa olhar - conta Provensi. 

HERANÇA
Entre as medidas que prometem permanecer estão o uso da máscara e das luvas, na avaliação do empresário. 

- Quando a gente trabalha no salão, recolhe todo o material que o cliente usa e põe na boca: talheres, prato, guardanapo, etc. Agora passamos a usar luva para recolher a mesa e provavelmente vamos continuar. Também deve ficar o uso da luva descartável para o cliente no sistema de atendimento no bufê. É possível que a máscara também seja usada, mesmo depois da pandemia - prevê Provensi.

BASE HISTÓRICA
Para a professora do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Nikelen Witter, que escreveu sua tese de doutorado sobre a pandemia do cólera no século 19, as mudanças que a pandemia do coronavírus vão causar na sociedade só serão vistas a longo prazo e dependem do conhecimento sobre a doença. Uma das apostas, ela cita, é a alteração nos padrões de higiene:  

- Só se descobriu a ligação do cólera com a água em termos infecciosos em 1845 e, a comunidade cientifica levou quase 20 anos para aceitar essa descoberta. Quando a gente pensa em esgoto encanado, em água tratada, temos que creditar muito desses avanços a essas pandemias do século 19, que nos mostram que, se estivermos em ambientes mais limpos, nós adoecemos menos - avalia.   

Segundo a historiadora, seu objeto de estudo no doutorado foi uma das cinco pandemias do século 19 e teve três ondas. Não é à toa que tocar cotovelos se tornou o modo de cumprimento corrente. O cólera e outras pandemias do período tiveram eco, entre outros aspectos, no comportamento e hábitos da população, na indústria e na medicina.   

- Podemos citar as transformações na estrutura das casas, no aspecto de limpeza. Houve o nascimento de uma indústria de produtos de higiene para a casa, não só para as pessoas. O próprio modelo higienista que a gente conhece a partir de 1860, dentro da medicina, é um movimento que vai estar ligado a esses rescaldos do pós-cólera. Isso se estende em várias direções, inclusive na educação das pessoas para mudar os seus padrões, suas formas de agir e de manter a limpeza do corpo e dos ambientes onde vivem - conclui Nikelen.  

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